Meu primeiro dia como TST – Alta liderança não comprometida

Essa é mais uma postagem da série – Meu primeiro dia como TST. Depois de escrever MEU PRIMEIRO DIA COMO TÉCNICO DE SEGURANÇA DO TRABALHO e MEU PRIMEIRO DIA COMO TST – A EMPRESA NÃO TEM SESMT, agora vamos para o terceiro artigo da série – Meu primeiro dia como Técnico de Segurança do Trabalho – a Empresa possui SESMT, mas a alta liderança não está comprometida com a segurança.
TST
Possuir SESMT não é sinônimo de empresa segura. É preciso que o SESMT tenha liberdade de atuação e isso só acontece quando a alta liderança “veste a camisa” da segurança. É muito comum as empresas terem seus SESMT somente para “cumprir” com a legislação. 
Nesses casos, fica só a sensação de que estão cumprindo uma obrigação legal, mas se o SESMT não tem apoio, não será possível cumprir com o que a legislação exige. É preciso mais do que discursos bonitos (já vi muito isso) – é necessário que as ações combinem com o discurso.
E quanto a nós? O que fazer se você perceber que está numa situação dessas? Se você leu Meu primeiro dia como TST – a empresa não tem SESMT, vai perceber que basta conversar com seu superior imediato para saber as verdadeiras intenções na sua contratação. 
Como enfrentar a situação sem se “queimar” diante dos trabalhadores? Como se portar durante um treinamento? O que fazer para minimizar a situação?
São muitas perguntas para responder, porém algumas ações de sua parte pode fazer com que as lideranças passem a ver a segurança com outros olhos ou te demitir!!!!
Abrindo um parêntesis, tenho um amigo que é Presidente da CIPA em uma determinada empresa e resolveu que deveria cumprir com suas obrigações. O resultado foi que, o chamaram para uma reunião e disseram para esquecer tudo aquilo. A empresa não estava interessada em nada daquilo, pois demandava investimento. Agora imaginem a situação do TST que trabalha lá!
Situações como essa são mais comuns do que a gente pensa. Mas aqui vamos tratar apenas de sua atuação para enfrentar o problema.
O que fazer:
  • Cabe a você decidir se vai ficar ou não (emprego tá difícil, mas também não dá para ficar correndo riscos);
  • Faça um checklist (vou tentar disponibilizar um checklist aqui) dos requisitos legais e veja o que está sendo cumprido e o que falta fazer e apresente ao seu chefe;
  • Guarde uma cópia de tudo que fizer. Desde emails, relatórios, checklists, etc.
  • Trabalhe naquilo que você pode fazer sem causar interferências nos setores produtivos (lembre-se: produção é a menina dos olhos de quem não quer nada com segurança);
  • Levante os perigos e riscos da empresa e crie LPP (clique aqui para baixar um modelo) para as atividades críticas;
  • Converse com os lideres informalmente para saber suas opiniões sobre a segurança;
  • Descubra quem está disposto a ajudá-lo (a);
  • Seja paciente, pois vai escutar muitas coisas que não gostaria de ouvir;
  • Provavelmente não conseguirá colocar ninguém em sala de treinamento; então faça isso usando as LPP;
  • Comece tentando mudar as coisas simples e vá aos poucos tentando resolver as mais graves;
  • Tenha em mente que você será visto como um intruso pela maioria. Então, cabe a você ganhar a confiança das pessoas;
Nós somos agentes de mudança e, para toda mudança, segundo Pedro Mandelli, temos: 15% que está a nosso favor, 35% que está em cima do muro pelo lado positivo e 35% que está em cima do muro pelo lado negativo e mais 15% que está totalmente contra à mudança.
Nossa missão é identificar os 15% que são a favor da mudança, pois esses nos ajudarão a convencer os 35% que estão em cima do mudo, mas pendendo para o lado positivo.
Se você conseguir isso, já terá 50% dos trabalhadores te ajudando a mudar a visão de segurança do trabalho na empresa.
Se você foi contratado para trabalhar em uma empresa que apresenta a característica do título deste texto, então significa que terá muito trabalho, mas isso não quer dizer que não conseguirá fazer segurança. Apenas as dificuldades serão maiores, mas tem muita coisa que dá para fazer mesmo sem ter apoio das altas lideranças. Faça seu trabalho e não tenha medo de divulgar os resultados, sempre deixando claro que só foi conseguido com o esforço de todos.
Não pare na primeira barreira que encontrar! Dê a volta se for preciso, mas deixe anotado para retomar as ações em outra oportunidade. 
Não é algo que agrade a ninguém, mas use os acidentes para mostrar que algo precisa ser feito. Tá aí o FAP que é uma forma de convencimento para qualquer empresa perceber que vale a pena investir em segurança.
Por hoje é só pessoal! Aguardem que tem mais!!!
Obs. Assim que tiver os modelos que citei no texto, disponibilizo os links para download!!!
GLOSSÁRIO
SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho
CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.
LPP – Lição Ponto a Ponto;
FAP – Fator Acidentário de Prevenção.

7 thoughts on “Meu primeiro dia como TST – Alta liderança não comprometida

  1. Estou fazendo o curso de técnico em segurança do trabalho e estou gostando muito, e como um dos professores do curso disse,nunca venda o seu registro de técnico, pois muitas empresas vão querer um técnico só para terem os documentos necessários para o MTE em dia, e irão limitar o trabalho do técnico e dizer… Vc quer quanto de salário para ficar sentado nessa cadeira em frente ao computador, ou seja sem andar pela empresa vendo os erros de segurança, depois que acontece o acidente sobra para nós técnicos.

  2. Como esses artigos nos enriquecem em conhecimento construindo aprendizagem. Pude perceber algumas siglas nele que,até então nao havia visto no curso que fiz, obrigada aos idealizadores deste site que com certeza auxiliam muitos profissionais da area de segurança parabens…Catia

  3. Concordo com vc, Nestor e Darcy.Infeslimente tem muitas empresas assim, eu sou exemplo vivo disso, trabalhei em uma empresa que o engenheiro eletricista era o manda chuva. Só que segurança do trabalho pra ele não existe. Digo pq no dia ele falou assim pra mim. Dai comecei fazer meu trabalho, e ele querendo limitar, como eu era subodinado ao mesmo, foi quando comecei evidênciar as ações de campo e passar pra frente, como ele não tinha agumento para mim mandar embora, ficava falando de mim pelos cantos.Sempre vamos se deparar com pessoas que querem limitar as atividades do TST, como o Darcy disse não podemos deixar-se nós abater com pessoas que pessam o contrário do profissional de segurança.Temos que lembrar sempre nossas atribuições e determinada pela portaria 3.275 Mtb.Att.Josivan Gestor Ambiental.Téc. Seg. Trabalho.

  4. Concordo com você Darcy,Quando a gente nota que a empresa não é séria o melhor é sair.Lembrando que nossa profissão pode responder por omissão quem deixar de fazer algo que saiba fazer.Isso se assemelha ao caso do EPI que mesmo o empregador treinando funcionário, etc, se o empregado se acidenta e não estava usando o fato do treinamento pode não ser suficiente para livrar o empregador da encrenca. Afinal, ele tem obrigação de fazer cumprir as normas de segurança do trabalho.No nosso caso não podemos pular fora da responsabilidade dizendo que o empregador não quis investir. Até por que tudo que atingir o empregador pode respingar também em nós, como representantes dele que somos…Se não tem compromisso da empresa com a prevenção o melhor é sair…Abraços.

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