Lendo a reportagem – Prevenção – Agrotóxico provoca anomalia em crianças – recordei dos meus tempos de garoto quando ajudava meu pai nas plantações de tomates; uma de minhas tarefas, na época com cerca de oito anos, era ajudá-lo na aplicação de agrotóxicos na lavoura. Apesar de saber que aquilo era um veneno, eu gostava do odor desprendido pelos dois tipos que eram aplicados ao mesmo tempo. Não me lembro dos nomes, mas um tinha a cor azulada e o outro era um branco puxado para o bege.
O fato é que, enquanto meu pai ia e vinha no meio das carreiras de tomates, eu ficava puxando a mangueira para facilitar seu trabalho. Isso durava horas e, quando o vento estava na minha direção eu ficava respirando aquela névoa sem nenhuma proteção. Meu pai usava um lenço no rosto (será que pode ser chamado de EPI?), mas eu não usava nada.
O fato é que, enquanto meu pai ia e vinha no meio das carreiras de tomates, eu ficava puxando a mangueira para facilitar seu trabalho. Isso durava horas e, quando o vento estava na minha direção eu ficava respirando aquela névoa sem nenhuma proteção. Meu pai usava um lenço no rosto (será que pode ser chamado de EPI?), mas eu não usava nada.
Na reportagem citada acima, um casal de Aracaju tem um filho contaminado com agrotóxico, porém de forma idireta, pois o pai, hoje aposentado, trabalhou por vários anos como balconista na Companhia Agrícola de Sergipe. Apesar da fiscalização, que no caso acima quem faz é a Emdagro, os agrotóxicos são um risco permanente aos produtores rurais e seus filhos, pois em pequenas propriedades a fiscalização não chega.
O uso de EPI’s adequados é praticamente ignorado pela maioria dos pequenos produtores que, se ainda não estão sentindo os sintomas da contaminação, muito em breve podem passar a conviver com esse drama em suas vidas. O que assusta ainda mais é que, dependendo o tipo de contaminação – segundo estudos, os reflexos podem durar até a quarta geração.
Emdagro fiscaliza uso e venda de agrotóxicos
Os principais pólos agrícolas de Sergipe e estabelecimentos comerciais que vendem agrotóxicos passam por uma fiscalização periódica. A Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), órgão estadual responsável pela fiscalização, verifica o cumprimento de regras como apresentação de receita agronômica, equipamentos de proteção individual e o intervalo para aplicação dos agrotóxicos e a colheita da produção. Esse trabalho visa controlar o uso indiscriminado do produto, que atinge principalmente as hortaliças.
A coordenadora de Defesa Vegetal da Emdagro, Maria Aparecida Nascimento, ressaltou a necessidade de medidas de segurança no uso desses produtos. “O uso de agrotóxicos é uma tecnologia importante no controle de pragas, doenças e ervas daninhas, mas podem ser perigosos se forem usados de forma errada. Portanto, para ser utilizado deve existir uma estrutura técnica capacitada, para que sejam obedecidas as exigências legais e não ocorra nenhum impacto em toda cadeia produtiva”, explicou.
Além disso, o órgão divulga tecnologias alternativas de controle de pragas na agricultura, com uma nova abordagem de agricultura, a agroecologia, que tem como objetivo produzir alimentos mais saudáveis e naturais tendo como principio básico o uso racional dos recursos naturais.
Cuidados a serem adotados
1. Só comprar agrotóxicos através da receita agronômica emitida por engenheiro agrônomo;
2. Usar equipamento de proteção individual em todas as etapas, lavando corretamente o equipamento após o final da pulverização;
3. Proibir menores de 18 anos, maiores de 60 anos e mulheres de manusear agrotóxicos;
4. Transportar agrotóxicos;
5. Armazenar os agrotóxicos em local seguro;
6. Respeitar o período de carência ou intervalo de segurança de cada produto;
7. Devolver embalagens vazias aos estabelecimentos comerciais em que foram adquiridos em até um ano após a compra.