Como fazer a gestão dos nanomateriais no ambiente de trabalho

Fazendo a gestão dos nanomateriais no ambiente de trabalho

Já escrevi sobre esse tema em NANOTECNOLOGIA PROVOCA MORTES, mas hoje vamos tratar do assunto mais especificamente.

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Já sabemos que os nanomateriais são partículas invisíveis ao olho humano. Embora não percebamos, estão presentes no nosso dia-a-dia, em produtos como os alimentos, os cosméticos, os produtos eletrônicos e os medicamentos. Alguns nanomateriais são encontrados na natureza, enquanto muitos são produtos derivados de nossas atividades ou são fabricados para fins específicos. Não podemos negar que os nanomateriais possuem muitas propriedades benéficas, mas não podemos esquecer que os riscos dos mesmos para a saúde ainda são muito desconhecidos. Por isso, é muito importante fazer a gestão destes materiais no ambiente de trabalho.

 O que são os nanomateriais?

Nanomateriais são materiais que possuem graus estruturais na ordem de 10-9m ou um nanômetro que é igual a um milionésimo de milímetro ou um bilionésimo de metro.

O controle, manipulação e fenômenos da matéria à escala nanométrica, cujas propriedades diferem das observadas em maior escala, são objeto de estudo da nanociência e da nanotecnologia.Fonte Wikipedia

Até 10 000 vezes mais pequenos do que um cabelo humano, os nanomateriais são, no que diz respeito às dimensões, comparáveis aos átomos ou moléculas. Não só devido às suas dimensões diminutas, mas também devido a outras características físicas ou químicas que incluem, entre outras, o seu formato e área de superfície, os nanomateriais diferem, em termos de propriedades, dos mesmos materiais utilizados em maior escala. 

Em virtude dessas diferenças, os nanomateriais oferecem novas oportunidades em áreas como a engenharia, a tecnologia da informação e da comunicação, a medicina e a farmácia, para referir apenas algumas. Contudo, essas mesmas características que conferem propriedades únicas aos nanomateriais também são responsáveis pelos seus efeitos na saúde humana e no ambiente. 

Onde podemos encontrar os nanomateriais?

São encontrados naturalmente presentes nas emissões vulcânicas, ou podem ser produtos derivados de nossas atividades como, por exemplo, gases de escape dos motores diesel ou fumo de tabaco.  Mas os de maior interesse são os nanomateriais fabricados. Esses já se encontram presentes num amplo leque de produtos e aplicações.

Alguns desses nanomateriais são já usados há décadas, tais como a sílica sintética amorfa, em betão, pneus e produtos alimentares. Outros só há pouco tempo foram descobertos, tais como o dióxido de nanotitânio, usado como agente bloqueador de raios UV em tintas ou protetores solares; a nanoprata, usada como agente antibacteriano em aplicações têxteis e medicinais; ou os nanotubos de carbono, frequentemente utilizados pela sua resistência mecânica e leveza, e pelas suas propriedades de dissipação do calor e de condutividade elétrica em aplicações como a eletrotecnia, o armazenamento de energia, as estruturas de aeronaves espaciais e veículos e o fabrico de equipamento desportivo. Estamos a assistir a um contínuo e rápido desenvolvimento de novas gerações de nanomateriais, o qual deverá ser acompanhado pelo crescimento do mercado para estes produtos.

Que preocupações de saúde e segurança estão associadas aos nanomateriais?

Os riscos para a saúde são uma preocupação significativa da utilização dos nanomateriais. O  Scientific Committee on Emerging and Newly Identified Health Risks (SCENIHR) descobriu que alguns nanomateriais fabricados implicavam riscos concretos para a saúde. Porém, não são todos os nanomateriais que têm um efeito tóxico, sendo necessária uma abordagem caso a caso à medida que a investigação prossegue.

Os principais efeitos dos nanomateriais que causam maior preocupação ocorrem nos pulmões e incluem, entre outros, inflamação e lesões nos tecidos, aparecimento de fibroses e tumores. O sistema cardiovascular também pode ser afetado. Alguns tipos de nanotubos de carbono podem ter os mesmos efeitos que o amianto. Além dos pulmões, descobriu-se que os nanomateriais podem afetar também outros órgãos e tecidos, incluindo o fígado, os rins, o coração, o cérebro, os ossos e os tecidos moles.

Devido às suas dimensões diminutas e à sua grande área de superfície, as nanopartículas em pó podem apresentar risco de explosão, ao contrário do que acontece com os respectivos materiais mais grossos.

De que forma ocorre a exposição aos nanomateriais no local de trabalho?

A principal forma de exposição dos trabalhadores aos nanomateriais ocorre na fase de produção. No entanto, muitos mais trabalhadores podem ser expostos sem sequer saberem que estão em contacto com nanomateriais; consequentemente, é quase certo que as medidas preventivas que estão sendo tomadas para prevenir a exposição sejam suficientes. 

A exposição pode ocorrer numa série de contextos profissionais em que os nanomateriais são utilizados, tratados ou processados, existindo o risco de inalação, nos casos em que se trate de partículas suspensas no ar, ou de contacto com a pele. Pode ocorrer, ainda, por exemplo, nas atividades de laboratório, de manutenção ou construção.

Gestão de riscos dos nanomateriais no local de trabalho

A legislação brasileira não trata especificamente da proteção dos trabalhadores aos nanomateriais. Cabe às empresas avaliar e gerenciar os riscos dos nanomateriais no local de trabalho. Se a utilização e produção de nanomateriais não puder ser eliminada ou substituída por materiais e processos menos perigosos, a exposição dos trabalhadores deve ser minimizada através da adoção de medidas preventivas e hierarquizadas, estabelecendo-se a seguinte ordem de prioridades:

  1. Medidas técnicas de controle dos riscos na fonte;
  2. Medidas organizacionais;
  3. Utilização de equipamento de proteção individual, como último recurso.

Existem muitas preocupações sobre os riscos dos nanomateriais para a saúde e a segurança. Por isso, os empregadores devem estabelecer medidas de prevenção baseadas na gestão dos riscos.

A identificação dos nanomateriais, das suas fontes de emissão e dos níveis de exposição pode não ser tarefa fácil. Mas temos que pensar seriamente no assunto se quisermos proteger de verdade a saúde dos trabalhadores. Esse é um trabalho que exige bastante de nossos higienistas, mas extremamente necessários.

Texto adaptado de: https://osha.europa.eu

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