Mãos e braços são as partes mais atingidas nos acidentes de trabalho.

Mãos e braços são as partes mais atingidas nos acidentes de trabalho.

Acidentes com mãos e braços são a maioria nas estatísticas

Quando se fala de estatísticas de acidentes de trabalho é fácil notar que mais de 90% dos acidentes, envolvem as mãos e braços. Daí a importância dos treinamentos sobre proteção das mãos que a maioria das empresas fazem questão de manter em sua grade de treinamentos.

Se levarmos em conta que utilizamos nossas mãos para fazer praticamente de tudo, é compreenssível que o número de acidentes com esses membros seja realmente alto. Porém, não é aceitável que seja assim. O trabalho preventivo tem que ser forte. E isso exige uma série estudos que envolvem vários fatores, tais como:
– Máquinas e equipamentos;
– Atividades;
– Mão-de-obra;
– Equipamentos de proteção; e
– Treinamentos.
Sempre que estou em um treinamento ou palestra sobre esse tema, costumo perguntar o porquê de tantos acidentes envolvendo mãos e braços. A resposta da plateia é quase sempre a mesma: “usamos as mãos para tudo”.
De fato a resposta é justificável, mas não verdadeira. Depois de ver tantas análises de acidentes, minha resposta à pergunta acima é um tanto diferente: “o que acontece é que todo mundo acha que esses acidentes acontecem porque a mão é a primeira coisa que utilizamos. Mas não deveria ser assim. A primeira coisa a ser usada deveria ser a cabeça. Não, não! Não é para por a cabeça na máquina! É para usar a cabeça para pensar antes de iniciar uma tarefa.
A grande verdade é que se nós não pensarmos, as máquinas é que não pensarão por nós (pelo menos por enquanto). Se o trabalhador não parar para pensar antes de por a mão na máquina, a máquina entenderá a ordem e executará conforme está programada para fazê-lo, independente se sua mão está ou não sob uma lâmina afiada.
Vamos analisar os itens da lista acima:
1- Máquinas e equipamentos
Para este item temos uma NR específica (NR-12) e que, se aplicada corretamente é importantíssima na prevenção de acidentes
Mas é preciso ir além do que a norma pede. Analisar detalhadamente uma máquina e descobrir possíveis pontos causadores de acidente, é tarefa imprescindível antes de colocar qualquer máquina ou equipamento em operação.
Inspeções periódicas nas máquinas e equipamentos também fazem parte das ferramentas de prevenção, quando bem aplicadas. Identificar e corrigir problemas que podem levar ao acidente é o objetivo principal dessas inspeções.
Quando escrevi sobre a Lista para Identificar possíveis riscos à Saúde e Segurança dos Trabalhadores, pensei em destacar as máquinas e equipamentos, mas acabei por colocar apenas o básico.
2- Atividades
Fazer um levantamento de todas as atividades críticas envolvendo trabalhos manuais é parte integrante do trabalho preventivo.
É necessário mapear as atividades e elaborar ações preventivas para cada uma. Estas ações podem ser comum à grande maioria das atividades, porém é preciso ter cuidado para não generalizar e acabar passando por cima de detalhes importantes.
Nesse aspecto, a análise de riscos é o ponto chave para se fazer um bom mapa das principais atividades críticas.
3- Mão-de-obra
 Este é com certeza o item mais importante na prevenção de acidentes com mãos e braços. Pois é deste item que saem quase que a totalidade desse tipo de acidente – ou seja – falha humana. 
Ter uma máquina totalmente segura não é sinônimo de extinção desses acidentes. Por mais modernas que sejam, as máquinas ainda dependem da mão humana para funcionar e é aí que está o perigo.
Este item engloba uma das fases mais importantes na prevenção de acidentes: a escolha do trabalhador ideal para determinada tarefa. Aqui o trabalho do RH é fundamental. Não é raro vermos operadores que não têm o perfil adequado para operar certas máquinas. Fica claro  que não houve um trabalho conjunto na contratação desse funcionário ou mesmo na classificação deste. 
Para cada máquina e equipamento deve-se fazer a descrição do perfil mais adequado para operá-los, levando-se em consideração alguns itens tais como: escolaridade, altura, habilidades, etc…
4- Equipamentos de Proteção
A NR-06 é o documento base para a adoção dos EPI’s corretos.
Este item é o mais simples, porém não menos importante. Desenvolver o Equipamento de Proteção Individual adequado para cada atividade faz parte das regras básicas da prevenção de acidentes com as mãos e braços. 
Ainda assim, ter o melhor equipamento não é garantia de que os acidentes sejam evitados. Por isso temos o último item que complementa este e os itens anteriores.
Sobre este item recomendo a leitura do artigo Qual é a função do EPI mesmo?
5- Treinamento
Deixei este item por último por razões óbvias – de nada adiantaria desenvolver os quatro itens anteriores, se não treinarmos os funcionários.
Treinamento é muito mais do que apenas colocar alguns funcionários numa sala e ficar mostrando dedos arrancados e mãos dilaceradas. Isso pode chocar no momento e até fazer alguém passar mal, mas assim  que sair dali esse efeito terá passado e as suas atitudes podem continuar as mesmas.
Treinar – num sentido mais amplo – começa no processo de contratação e continua quando o funcionário está iniciando o aprendizado na máquina ou equipamento. Portanto, treinar não é tarefa do TST apenas, mas faz parte de um processo que envolve muito mais pessoas. Se o operador oficial sempre fez errado e nunca ninguém o corrigiu, possivelmente treinará errado um novato que  foi deixado sob sua responsabilidade.
O treinamento em si, com registro de participação é importante juridicamente e se for bem feito, é a base para a prevenção de acidentes com mãos, dedos e braços, mas não podemos adotá-lo como a única forma de prevenção.
Conclusão
O ser humano não é igual e pode mudar a todo momento. Cada supervisor deve conhecer seus funcionários de forma que venha a perceber quando algo não vai bem com o mesmo.
Afastar um funcionário de uma tarefa crítica quando  não está em boas condições físicas ou psicológicas é uma maneira de prevenção eficaz.
O lema “A segurança de todos depende de cada um de nós” – é verdadeira, na medida em que todos apliquem seus conhecimentos em proteger a si e seus colegas de trabalho.
De nada adiantará todo o trabalho de prevenção, todas as normas, todos os procedimentos, se nós não tivermos um comportamento seguro em nossas atvidades.
Darcy Mendes Darcy Mendes (812 Posts)

Técnico em Segurança do Trabalho, graduado em Gestão Ambiental e especialização em Prevenção e Combate a Incêndio. Nas horas vagas sou músico e professor de violino!!!


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