Um dia fatidico na vida de um violinista

acidente com as mãos
Vendo o video Tocar violão só com uma mão, acabei me lembrando do dia em que sofri um acidente envolvendo minha mão esquerda.
Na época, com vinte anos, eu trabalhava como pintor de autos (nem sonhava em ser Técnico em Segurança do Trabalho) em uma determinada empresa onde, além de pintar os veículos e máquinas pesadas, também fazia as placas de sinalização.
Naquela manhã tudo ia bem. Enquanto eu pintava a cabine de um caminhão, meu ajudante pintava umas peças de um trator de esteira (as peças eram bem pesadas). Num dado momento ele me chamou para ajudá-lo a levantar (colocá-la em pé) uma peça de cerca de 100 quilos. Disse a ele que não deveríamos levantar a peça e sim, procurar um equipamento para fazer a atividade. No entanto, após tanta insistência dele, acabei cedendo e, juntos, levantamos a peça.
Após pintar os dois lados da peça ele novamente pediu ajuda. Desta vez deveríamos baixar a peça porque ela era estreita e poderia cair em alguém. Prontamente me dispus a ajudá-lo, mas ao baixar a peça que estava recém pintada, as mãos dele escorregaram e eu fiquei com todo peso que acabou me puxando para baixo. Só tive tempo de tirar a mão direita, enquanto a peça  caía pesadamente sobre meus quatro dedos (do primeiro ao quarto quirodáctilo), na segunda falange. 
Ficamos alguns segundos olhando para aquelas partes brancas dilaceradas de meus dedos. Então, ele saiu correndo para pedir ajuda.
Enquanto a ambulância me levava ao hospital, fiquei imaginado que perderia os dedos e então me veio em mente que nunca mais tocaria meu violão. Uma tristeza muito grande me invadiu. Eu nem estava me importando com a dor. 
Vinte minutos depois eu estava diante do médico com as radiografias em suas mãos. Estava tenso e muito preocupado, mas as palavras do médico foram como uma melodia para meus ouvidos. Nâo havia nem uma fratura se quer!
Depois de treze dias parado, voltei a trabalhar ainda com a mão enfaixada. Foram longos doze meses de recuperação, mesmo assim as sequelas ficaram, mas as cicatrizes e as dores que de vez em quando aparecem, não me fizeram desistir da música. Quem já leu no menu superior em Quem sou eu, sabe que sou músico (violinista) e ainda dou aulas como voluntário na igreja que frequento. Hoje eu sei que recebi um milagre naquele dia, pois pelo peso da peça era impossível não ter quebrado nem um osso.
Infelizmente, naquele mesmo dia, um amigo, também de apenas vinte anos, não teve a mesma sorte – ao fazer limpeza em um gerador, acabou perdendo os quatro dedos da mão direita.
É por isso que, em meus treinamentos sobre proteção das mãos, enfatizo a importância de se planejar a atividade para que falhas não venham a tirar o sonho de alguém!
Darcy Mendes Darcy Mendes (812 Posts)

Técnico em Segurança do Trabalho, graduado em Gestão Ambiental e especialização em Prevenção e Combate a Incêndio. Nas horas vagas sou músico e professor de violino!!!


6 thoughts on “Um dia fatidico na vida de um violinista

  1. Realmente você teve uma segunda chance, mas proteção nunca é demais. As vezes pessoas não tem essa segunda chance, a melhor forma e a prevenção.Se alguém tiver mais informações sobre Segurança no Trabalho, favor enviar para: simone_gomes25@hotmail.comUm grande abraço.

  2. Com certeza Nestor naquele dia Deus já tinha uma missão para mim. Quando vejo um de meus ex alunos tocando(melhor do que eu) na orquestra, tenho certeza foi um milagre que recebi naquele dia!!!

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